Alvos desta quinta-feira na Operação Lava Jato: quem é quem

Por G1 São Paulo

O ex-presidente Michel Temer foi preso em São Paulo na manhã desta quinta-feira (21) pela força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro. Os agentes também prenderam o ex-ministro Moreira Franco no Rio e o coronel João Batista Lima Filho, amigo de Temer. A Polícia Federal cumpre, ao todo, 10 mandados de prisão expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da Justiça Federal do Rio.

As prisões tiveram como base a delação de José Antunes Sobrinho, dono da Engevix. O empresário disse à Polícia Federal que pagou R$ 1 milhão em propina, a pedido do coronel João Baptista Lima Filho (amigo de Temer), do ex-ministro Moreira Franco e com o conhecimento do presidente Michel Temer. A Engevix fechou um contrato em um projeto da usina de Angra 3.

Veja quem são os alvos da operação realizada nesta quinta-feira:

Michel Temer- prisão preventiva (preso)

Momento em que o ex-presidente Michel Temer é abordado pela Polícia Federal — Foto: Reprodução/TV Globo

Momento em que o ex-presidente Michel Temer é abordado pela Polícia Federal — Foto: Reprodução/TV Globo

O ex-presidente era, à época dos fatos narrados pela acusação, o vice-presidente da República.

É suspeito de chancelar negociações de João Batista Lima Filho, o coronel Lima. Segundo a investigação, Temer teria dito que coronel Lima é pessoa “apta a tratar de qualquer tema.” O ex-presidente é apontado pelo juiz Bretas como líder da organização criminosa.

Temer conheceu coronel Lima, sócio da empresa Argeplan, na década de 80, quando assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e Lima tornou-se seu assessor militar, tendo participado de campanhas eleitorais.

Segundo o MPF, o sucesso empresarial da empresa Argeplan, em especial sua exitosa parceria no contrato de projeto da usina nuclear de Angra 3, devia se à proximidade existente entre o Coronel Lima e Temer.

A Argeplan apenas formalmente participou da execução do projeto Eletromecânico 1 de Angra 3, associando-se à finlandesa AF Consult tão somente para justificar o recebimento de valores milionários a serem pagos pela Eletronuclear.

Segundo o MPF, essa empresa, aliás, que formalmente pertence a Lima, recolhe e repassa valores a benefício pessoal de Temer.

O que diz a defesa: o advogado Tiago Machado, que integra a defesa do ex-presidente, afirmou que nada foi provado contra Temer e negou que o ex-presidente tenha cometido obstrução de Justiça. Criticou ainda a decretação da prisão. “Penso que houve um excesso no que diz respeito à forma como foi determinada essa prisão, sem que se fosse oportunizado ao ex-presidente apresentar sua defesa, esclarecer os fatos”, disse.

Ele prosseguiu: “Nada foi provado. Nós temos uma decisão de 46 laudas que muito fala a respeito de suspeitas, a respeito de elementos que foram produzidos, mas, quando se fala em suposta obstrução, não se indica qualquer dado concreto [relativo] à suposta obstrução, até porque nunca houve. O presidente sempre, quando intimado, apresentou suas informações. Não há nenhum tipo de obstáculo causado, seja pelo ex-presidente ou por qualquer outra pessoa para essas investigações que são conduzidas pela Polícia Federal, e o que se tem é mais uma prisão baseada apenas em uma visão unilateral daquilo que a Polícia Federal produziu”.

Wellington Moreira Franco – prisão preventiva (preso)

O ex-ministro Moreira Franco ao ser preso — Foto: Reprodução/TV Globo

O ex-ministro Moreira Franco ao ser preso — Foto: Reprodução/TV Globo

Seja como presidente da Caixa Econômica Federal, como Secretario de Aviação Civil ou mesmo como ministro de Estado, teria atuado diretamente com Temer na geração de caixa das empresas que realizavam pagamentos indevidos, propinas, à mesma organização criminosa.

O que diz a defesa: a defesa de Moreira se pronunciou em nota. “A defesa de Wellington Moreira Franco vem manifestar inconformidade com o decreto de prisão cautelar. Afinal, ele encontra-se em lugar sabido, manifestou estar à disposição nas investigações em curso, prestou depoimentos e se defendeu por escrito quando necessário. Causa estranheza o decreto de prisão vir de juiz de direito cuja competência não se encontra ainda firmada, em procedimento desconhecido até aqui”.

João Batista Lima Filho (coronel Lima) – prisão preventiva (preso)

João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, amigo de Temer — Foto: Reprodução/TV Globo

João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, amigo de Temer — Foto: Reprodução/TV Globo

Amigo de Temer e dono da Argeplan, é identificado como operador financeiro de Michel Temer e suspeito pela cobrança de valores indevidos, propina, em razão contratação do projeto da usina nuclear de Angra.

Segundo o MPF, teria havido ajuste para pagamento de propina em razão da participação da empresa finlandesa AF Consult, vencedora do certame internacional, em associação com as empresas nacionais Argeplan Arquitetura e Engevix.

O sucesso da Argeplan devia se à proximidade existente entre o Coronel Lima e Michel Temer.

Lima é suspeito de ter viabilizado o recebimento de vantagens indevidas direcionadas a Temer, com a intermediação de outro investigado, o ex-ministro Moreira Franco.

Lima esteve lotado na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, até 1993, ocasião em que já era assessor de Temer. E, segundo o MPF, muito embora somente tenha se tornado sócio legal em 2011, a ligação de Lima com a empresa Argeplan remonta à década de 80, quando administrava juntamente com Carlos Alberto Costa.

O que diz a defesa: em nota conjunta sobre os casos de João Batista Lima Filho, de Carlos Alberto da Costa e de Maria Rita Fratezi, o advogado Cristiano Benzota classificou a ordem de prisão de “desnecessária e desarrazoada”, em razão de não ter havido, segundo ele, nenhum fato ou prova nova depois da apresentação de relatório da Polícia Federal no inquérito do Decreto dos Portos.

“Chama a atenção o fato de a própria Procuradoria Geral da República ter opinado pela desnecessidade da prisão preventiva e requerido apenas a instauração de inquéritos. Não há nenhum fato novo ou prova nova após a apresentação do relatório final, pelo dr. Cleyber, do Inquérito do Decreto dos Portos. Não houve alteração de status dos investigados; não houve obstrução da justiça e coação de testemunhas; os investigados têm endereços certos e mais uma vez foram encontrados nos respectivos endereços. Em outubro 2018, foram entregues seus passaportes ao STF. Na entrevista coletiva de hoje à tarde, quando perguntado, a Força Tarefa não conseguiu apresentar nenhum fato novo ou prova nova ocorrido entre a apresentação do Relatório e manifestação da PGR e o presente momento.”

Coronel Lima e sua mulher, Maria Rita Fratezi — Foto: TV Globo/Reprodução

Coronel Lima e sua mulher, Maria Rita Fratezi — Foto: TV Globo/Reprodução

Maria Rita Fratezi – prisão preventiva (presa)

Arquiteta e mulher do coronel Lima, atuou tanto na suposta arrecadação de recursos, como representante das empresas Argeplan e PDA, como na lavagem de capital, em tese, realizada por meio da reforma na casa de Maristela Temer.

Segundo os procuradores, tem participação ativa no esquema criminoso, considerando que assinou algumas das propostas fictícias de serviço para a empresa Construbase. Também recebeu R$ 1,1 milhão entre 2013 e 2017 apesar de tecnicamente não ter prestado serviço por essa atividade.

O que diz a defesa: em nota conjunta sobre os casos de João Batista Lima Filho, de Carlos Alberto da Costa e de Maria Rita Fratezi, o advogado Cristiano Benzota classificou a ordem de prisão de “desnecessária e desarrazoada”, em razão de não ter havido, segundo ele, nenhum fato ou prova nova depois da apresentação de relatório da Polícia Federal no inquérito do Decreto dos Portos.

Carlos Alberto Costa – prisão preventiva (preso)

Sócio do coronel Lima na Argeplan, participou dos quadros societários, bem como das trocas desses, das empresas AF Consult Ltd e AF Consult do Brasil Ltd, com o aparente interesse nos supostos esquemas engendrados no âmbito da obra de Angra 3.

O que diz a defesa: em nota conjunta sobre os casos de João Batista Lima Filho, de Carlos Alberto da Costa e de Maria Rita Fratezi, o advogado Cristiano Benzota classificou a ordem de prisão de “desnecessária e desarrazoada”, em razão de não ter havido, segundo ele, nenhum fato ou prova nova depois da apresentação de relatório da Polícia Federal no inquérito do Decreto dos Portos.

Carlos Alberto Costa Filho – prisão preventiva (preso)

Diretor da Argeplan e filho de Carlos Alberto Costa, participou dos quadros societários, bem como das trocas desses, das empresas AF Consult Ltd, AF Consultt do Brasil Ltd, com o aparente interesse nos supostos esquemas engendrados no âmbito da obra de Angra 3.

O que diz a defesa: afirmou que a prisão é “desnecessária e injusta”, porque não há indícios da prática de nenhum crime por parte do cliente.

Rodrigo Castro Alves Neves – prisão temporária (preso)

Neves era o responsável pela Alumi Pubilicidades, que possuía contrato com a Inframerica referente à divulgação publicitária no aeroporto de Brasília.

O MPF aponta que ele foi o responsável por intermediar o pagamento de vantagem indevida no valor de R$ 1 milhão exigida pelo coronel Lima por meio da transferência do valor de R$ 1 milhão da empresa Alumi para a empresa PDA Arquitetura e Engenharia.

O que diz a defesa: ainda não se manifestou.

Carlos Jorge Zimmermann – prisão temporária (preso)

Zimmermann representava a empresa finlandesasueca AF Consult Ltd no Brasil na época da licitação para o contrato de Angra 3. Era um dos representantes da rede de pessoas jurídicas estruturada para, em tese, repassar recursos por meio do contrato da AF Consult Ltd com a Eletronuclear.

Ele era ex-funcionário da Engevix e, de acordo com a Justiça, ao que parece, integrou a estrutura da empresa apenas para compor o esquema delituoso, sem, contudo, possuir ingerência sobre os atos praticados.

Segundo o MPF a inserção da Argeplan na formação da AF Consult do Brasil eve como objetivo garantir a vitória da AF Consult Ltd na licitação internacional e, em contrapartida, fornecer dinheiro de propina para Temer por meio do seu operador financeiro.

Assim, aparentemente, Zimmermann foi alocado na representação da AF Consult Ltd, por ser uma pessoa conhecida pelos agentes, capaz de cumprir as determinações, supostamente, impostas pelos demais investigados.

O que diz a defesa: ainda não se manifestou.

Vanderlei de Natale – prisão preventiva

O MPF afirma que há uma relação pessoal entre Natale, Coronel Lima e o ex-presidente Temer. Natale é suspeito de ter intercedido junto à Eletronuclear em favor do esquema relacionado ao contrato da Usina de Angra 3.

O que diz a defesa: o advogado Fernando José da Costa classificou a prisão de “ilegal”, “que não vincula Vanderlei aos fatos apurados no Rio de Janeiro”. Costa disse ainda: “Sua empresa está sediada em São Paulo e jamais prestou serviços para a Eletronuclear, objeto da presente investigação”.

Carlos Alberto Montenegro Gallo – prisão preventiva (prisão a cumprir)

Administrador da empresa CG Impex, é apontado como um dos envolvidos na viabilização das iniciativas criminosas, ao compor o quadro societário das empresas utilizadas para a arrecadação de vantagens indevidas e por interceder junto à Eletronuclear para a participação da Argeplan.

O que diz a defesa: ainda não se manifestou.

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