‘Vovó do surfe’ chama a atenção em praia de Jacaraípe, ES

• 20 de fevereiro de 2017

Aos 75 anos, dona Maria da Penha esbanja disposição.
A paixão começou quando ela resolveu fazer aulas de surfe com os netos.

Mãe, avó, bisavó e agora surfista. Com um pranchão embaixo do braço e esbanjando alegria e disposição, Maria da Penha Ribeiro, de 75 anos, tem parado a Praia do Solemar, em Jacaraípe, na Serra. Por lá, todo mundo conhece a “vovó do surfe”. Há quatro meses, em meio às aulas de surfe dos netos, ela decidiu que também queria aprender e trocou a areia pelo mar.

“Quando eu caminhava, parava e ficava olhando os meninos voarem com a prancha e pensava: ‘queria fazer isso também’. Sempre fui apaixonada por água. Aí meus netos vieram de São Paulo e eu os levei para fazer as aulas de surfe aqui (em Jacaraípe), até que um dia no meio do treino eu falei: ‘a vó vai também’ e meu neto ficou todo empolgado. Aí eu fui e agora já era, não paro mais”, conta dona Maria da Penha.

Cheia de disposição, é ela quem comanda o alongamento da garotada da escolinha e convence até os mais preguiçosos a realizarem os exercícios. Na água, dona Maria da Penha dá um verdadeiro show e comemora cada pequeno novo aprendizado.

“A vó dá alongamento, faz todo mundo colocar a mão no chão. Quando ela entra na água, a praia para. Todo mundo fica na plateia vendo ela surfar. Além de ser uma atração por conta da idade, a animação dela contagia todo mundo”, afirmou a instrutura Soerem Scardua.

Apaixonada pela água, a vó não é de ter medo: “Não precisa de coragem, é só pegar a prancha e ir. Lá dentro da água eu me sinto poderosa, uma sereia”, disse a descontraída vovó.

Mas e se a senhora tomar uma vaca (um caldo)? A resposta está na ponta da língua: “Eu levanto e saio para outra. Mergulha, levanta, rema e vai para o fundo atrás de outra onda. Esporte é muito legal, surfe então é uma delícia”.

Ficar em pé na prancha é uma questão de tempo
Dona Maria da Penha é exemplo de superação para os mais jovens, uma prova de que o surfe é para todas as idades. Instrutor da escolinha, Juliano Moulin conta que ter uma aluna de 75 anos é motivo de muita alegria. Não é à toa que na escolinha todos a chamam carinhosamente de “vó”.

“É muito gratificante, a energia dela não tem explicação. Eu fiquei muito feliz quando ela falou que queria aprender também. Aqui a gente dá aula para crianças a partir de sete anos, e a vó nos mostra que qualquer um pode aprender. A vó é superação, inspiração para todos nós”, afirma ele.

A vovó surfista ainda não fica de pé sobre a prancha, mas isso é só uma questão de tempo. “Ela está fazendo um trabalho de fortalecimento, o surfe exige um esforço muito grande para sair da posição deitado para subir na prancha. Já a colocamos na água e agora a gente vai começar a colocá-la em pé na onda, para ele sentir o movimento, antes de fazer tudo sozinha”, explica a instrutora Soerem Scardua, que é completada por Juliano.

“Ela entra na água, rema, tem um bom equilíbrio e agora está começando a suspender o corpo da prancha. É uma questão de tempo e ela já vai poder pegar onda com os netos”, garante ele.

Vôlei e ginástica também fazem parte da rotina
Nem só de surfe vive dona Maria da Penha Ribeiro. A rotina da aposentada, que é mãe de cinco filhas, com 15 netos e três bisnetos, ainda inclui vôlei adaptado (específico para idosos) e ginástica.

“Jogo vôlei terça e quinta, faço ginástica segunda, quarta e sexta e aos finais de semana o surfe. Às vezes ainda mato a ginástica para surfar. Eu só faço o que gosto, e sempre gostei muito de esporte. Minha família incentiva muito, mas eu só conto para as minhas filhas depois que já comecei. Elas ficam preocupadas”, revela ela.

Mas se engana quem acha que ela pretende parar. A vovó surfista não é de se impor limites por conta da idade, e garante que o próximo passo será surfar no asfalto e aprender a andar de skate.

“Não tem idade para ser feliz. Tudo que eu não pude fazer antes, faço agora. O que vier é lucro. Já dirijo, ando de bicicleta, jogo vôlei, surfo. Agora só falta aprender a andar de skate e saltar de parapente. Tenho muito orgulho de mim”, finalizou a aposentada de 75 anos.

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